PFC Crônicas 7 – Anunciação… Vem aí mais uma Major Marathon!
Por Ana Carol Sommer
Leitura de 6 minutos
Para dar início à jornada de mais um ciclo de maratona, me permito uma licença poética com Alceu Valença associando sua famosa canção ao meu próximo encontro com a entidade: Tu vens, tu vens… eu já escuto teus sinais!
Dê o play no Spotify e me acompanhe no “causo” do dia. Está oficialmente aberta a temporada dos treinos sem fim rumo ao sub-4 em Chicago!
A fase recreativa do ciclo nosso de cada ano
O tempo voa. Em outubro de 2022, inspirada pelas conquistas de minhas companheiras de equipe da Maxxyma na maratona de Chicago, lancei os dados da sorte na loteria. Logo eu que não sou de jogar. Deu certo! Com o e-mail de confirmação, mais um novo ciclo de treinamento começou. Planejei as provas de 2023 pensando no encontro anual com os 42k e eis que estou agora há pouco menos de 100 dias do dia D.
Até o dia 17 de junho de 2023, posso dizer que estava numa fase preparatória-recreativa. Abri a minha temporada de corrida quebrando com dignidade e fiz questão de documentar para a posteridade (leia aqui meu desabafo). Estava talvez naquele momento das lentes cor de rosa, achando que a minha relativa constância nos treinos de corrida faria a sua magia. Ledo engano. Saí da estreia com a certeza de que ajustes eram necessários e hoje conto para vocês sobre dois “desafios” que me permitiram confirmar qual é o caminho a seguir até Chicago.
Primeiramente, segundamente e terceiramente: fortalecer
Ouvintes do PFC estão cansados de saber que fortalecimento muscular (idealmente) específico para a corrida não é um item opcional para uma boa preparação. Depois da primeira meia-maratona do fiasco, era hora de criar vergonha nessa minha cara e buscar orientação adequada. É interessante como as pessoas certas entram no nosso universo das formas mais inesperadas. A minha sorte foi a Priscila Serapio ter cruzado meu caminho. Estamos já caminhando para o terceiro mês de acompanhamento individualizado à distância. Só alegria com sabor acido lático e fibras rompendo, do jeitinho que a gente gosta!
O recomeço dos treinos de musculação foi como todo recomeço: puxado. Por mais que estivesse na fase adaptativa, a sensação é que nunca havia levantado um peso na vida. Abri o aplicativo por onde recebo a periodização e de cara já havia prescrito o objetivo da semana. Sim, da semana. Porque a Pri ajusta o treino semanalmente. Gosto de entender o que estou fazendo, acho importante para trazer mais consciência para o exercício. Fora que a cada série completa, dar aquele check antes de passar para o próximo é altamente satisfatório. A neurociência explica, não é mesmo?
De treino em treino, fui adicionando o fortalecimento a minha rotina com a corrida e em junho pude validar se estávamos no caminho certo com duas provas que chamo de recreativas e você já vai entender o porquê. O segundo elemento da minha pirâmide de constância foi adicionado com sucesso, prazer e certeza de seguir no caminho certo com a pessoa certa para fortalecer não apenas meu corpo físico, mas também o energético e mental. Trocamos altos audios Patropi, “coideloco”, loucura boa! Relação sinérgica, temos!
O Desafio das Empresas
Aqui em Québec existe um evento voltado para a saúde e bem-estar dos funcionários de empresas de diversos ramos: O Desafio das Empresas. Não tem competitividade, nem pódio. Vale a máxima do importante é participar. O percurso é num parque linear que tem uma volta de quase 10k. É perfeito para treinos de ritmo sem muita variação de altimetria. No dia do evento, a temperatura estava agradável, fora que em alguns trechos corremos abrigados pelas copas das árvores, o que refresca. A largada se faz por ondas, mas o pessoal sai relativamente de boa.
Pois foi assim que eu comecei os meus 10k corporativo-deboístas.
Para minha surpresa, acabei fazendo um split negativo e fechando no pace-sonho-de-consumo para uma maratona: 5’26”. #alôuniverso! Não premeditei, mas me permiti fazer o que me corpo estava disposto, num percurso que eu conheço muito bem. Inclusive apertei o passo nos dois últimos quilômetros e cheguei com a sensação de que poderia continuar um pouco mais, muito diferente do episódio da meia-maratona de pouco mais de um mês atrás.
Claro que o esforço de correr 10k versus 21k não se compara, mas senti uma progressão muito mais consciente com um bom rendimento muscular. Adotei um ritmo mais sustentável sem chegar ao limite da honra, porque como disse anteriormente, o importante era participar. Terminei feliz e mandando áudio para o meu time de treinadoras para avisar que aqueles 10k sem expectativas foram os melhores dos últimos tempos. Isso reforça a confiança no processo.
O Desafio das escadarias
No final de semana seguinte, foi a vez do Desafio das escadarias (clique aqui para ter uma ideia dessa brincadeira). Quebec é uma cidade dividida entre a parte alta e a parte baixa, o que significa que existem várias escadarias para conectar essas duas regiões. Em alguns casos, o desnível é tão grande que apenas uma das escadarias no percurso possui 400 degraus para dar conta. Haja panturrilha e fôlego!
Existem percursos de 9, 13 e 19k e nesse ano fui de 13k For Fun. Realmente é For Fun, porque não corro o tempo inteiro.
São 2392 degraus, produção!
Nas escadas, é quando aproveito para recuperar e isso torna a prova uma misto de treino intervalado com treino de força. Cheguei a fazer um treino de 10k simulado duas semanas antes que foi pauleira. Na semana anterior, senti um princípio de câimbra na panturrilha esquerda num treino de tiros normais e cogitei abortar, caso isso prejudicasse meus treinos para Chicago.
No final, deu tudo certo e lá fui eu em pleno sábado chuvoso pela manhã, subir, descer e correr pelas ruas de Quebec. Uma coisa é quando chove durante a prova. Outra é quando você já sai de casa na chuva. Ponto para mim, que consegui finalizar mais uma corrida ainda com gás sobrando, se precisasse. Alguns podem até achar que eu deveria ter forçado mais se cheguei sobrando tanto assim, mas lembrem que o alvo é Chicago. Essas provas vieram para confirmar que o fortalecimento faz diferença e para simular a gestão da energia em ritmo de prova. Acho valido encaixar provas sem grandes expectativas. De certa forma, alivia a jornada até os 42k.
O desafio para a consagração
Até a maratona de Chicago, o desafio será continuar com a constância dos treinos de corrida, musculação e acrescentar o terceiro e último elemento da minha tríade para a performance: a estratégia alimentar, incluindo a suplementação durante os treinos para o grande dia. Estou agora em busca do nutricionista que vai me acompanhar até lá, sem abordagens mirabolantes, pirofagia e malabares. Já tive acompanhamentos anteriores, então de certa forma tenho noção do perfil que estou buscando.
Como dizem os ingleses: Let’s keep it simple!
Com relação a oportunidades de prova, havia previsto uma meia-maratona em setembro em Montreal. Como cairia no final de semana do treino mais longo de 30k, priorizei o treino. Querendo ou não, teria toda a logística de viagem fora programar 9k antes ou depois, numa cidade que eu não conheço muito bem. A única prova que vai faltar antes da minha maratona da consagração serão os 10k na maratona de Québec, uma semana antes de Chicago. Nesse dia, terei 16k somente e aí será mais fácil de encaixar.
Alceu avisou que a maratona vem chegando para brincar no meu quintal
Para os noveleiros e noveleiras de plantão, como diria Dona Jura, correr uma maratona não é brinquedo não. Sei que vai chegar aquele momento saco cheio, que terei dias com vontade zero de buscar a consagração, em que durante um treino longo a cabeça vai me atormentar, que vou inventar desculpas. Sou humana, meus caros! No fundo, eu amo esse perrengue todo. Tem de amar, não tem outra razão para justificar a minha 11ª participação nos 42.195m.
Mesmo assim, quero levar a preparação com leveza, porque não sou obrigada! Escolhi isso para mim e estou cercada de muitas pessoas que vão no mesmo embalo, que me ajudam a me preparar, que puxam minha orelha se necessário e que torcem por mim. Além do mais, esse ano completo 10 anos com a Profe Rosa Naimara Bossle da Maxxyma Assessoria Esportiva. Estamos comemorando Bodas de estanho, um dos metais mais maleáveis, característica essencial da nossa parceria de sucesso. Seguimos! Venha comigo!
Participe ao vivo com a gente toda 5ª feira às 19 horas de Brasília pelo YouTube e quem sabe você não me inspira a escrever sobre mais histórias de corrida. Os episódios do PFC Debate se transformam em podcast disponível no Spotify. Não esqueça que você pode também se tornar membro da nossa comunidade de apoiadores por apenas R$4,99 por mês!
Que legal Ana Carol!!! Vai dar bom essa maratona em Chicago e de quebra vai sair esse sub 4h sim!!!
Gosto muito de ler suas crônicas, que relatam de uma forma mais leve os “perrengues” que nos corredores amadores já passamos ou que passaremos em algum momento da vida “runnistica”
Vai na fé que vai dar certo!
É sobre perrengues por opção, né William? Obrigada pela torcida e pela assiduidade nesse projeto paralelo do PFC. Siga firma apesar do calor texano! Bons treinos!
Gostei muito de ler. Que venha chicago 42k