Retrospectiva 2024 para um 2025 corrido mais feliz!

Bem, amigos do Por Falar em Correr! Chegamos, mais uma vez, ao mês de janeiro e isso significa o quê? Novo ano, corridas novas!
Meu último texto que data de exatamente 1 ano atrás foi sobre meu grande objetivo na corrida em 2024. Na ocasião eu disse :
Por mais que goste da sofrência das longas distâncias, quero me dar a oportunidade de me descobrir numa modalidade de curta duração, enfrentar meus monstrinhos interiores que insistem em dizer que eu não gosto de fazer força ou que não levo tanto jeito assim para a coisa. Por que não dedicar um ano inteiro a me conhecer mais no modo intensidade que resistência? Pois é isso que quero descobrir em 2024.
Foram ao todos 6 provas oficiais:
  • 3x 5km : Curitiba (abril), Montreal (setembro) e Québec (outubro).
  • 1 x 10km : Lévis (maio)
  • 2x 21Km : Montreal (setembro) e Québec (outubro)
Pergunta que não quer calar :
– E aí, Ana Carol? Atingiu o objetivo de 2024?
Resposta efusiva:
SIM!!!! Atingi minha meta de correr na casa dos 5” nas provas de 5 e 10Km. Parabéns para mim!
Tenho até print de conversa com minha Profe Rosa Naimara, caso provas sejam necessárias além do Strava, de que ela atestou para os devidos fins que Ana Carolina Sommer de Souza aprendeu a correr rápido e forte em 2024! #orgulhodaprofe
Para começar o ciclo 2025, compartilho com você o que aprendi sobre mim na intensidade.

O lado bom das provas intensas

Isso era o que queria descobrir e confesso que não estava muito convencida de que haveria um. Diante de um compromisso escrito e falado ao grande público do nosso podcast, era um questão de honra. Mas também teve um objetivo pessoal de quebrar paradigmas: será que aos 44-45 anos eu seria capaz de correr num pace de 5′ por quilometro?
Quero deixar claro que não me considero uma mulher velha. Só que, por alguma razão, acreditei que os anos dourados da velocidade tinham ficado para trás e que sem perder sei lá quantos quilos, beber trocentos litros de água por dia, dormir o sono dos justos seguidas noites, cortar açúcar e alcool, e torcer por 10% de genética “boa”, enfim… nunca seria tranquilo manter esse ritmo
Percebam como a gente tende a criar condições e reforçar crenças que nos sabotam mesmo sem querer.
Aliás, em entrevista com minha treinadora Rosa Naimara no PFC 691, fui exposta em rede nacional graças ao Enio Augusto, que resolveu perguntar como era a Ana corredora. E ali senti que minha Profe mexeu com meu orgulho de Sonhete ferida, dizendo que meu sub-4 em maratonas ja tinha saído duas vezes. Eu que desisti nas provas. Pois é… me fez pensar. Porque tinha ali um fundinho de verdade, precisei reconhecer.

5km da redenção

Se você me perguntar se foi fácil chegar nesse objetivo, direi sim e não. Sim, pelo lado seguir a planilha de treinos. Esse é o lado matemático da coisa que todos conhecemos. Normalmente fazendo tudo direitinho, o potencial se concretiza. Mas na hora H, cravar o resultado não foi fácil não. Na primeira prova de 5km, em abril em Curitiba, corri com minha amiga Juliana, também conhecida amorosamente como Cavalinha. A Ju tem se dedicado a correr os 5km no limite da honra. O sub-25 flui que é uma beleza para ela, que treina que nem uma condenada, obviamente. Se ela pode, por que eu não poderia também?
Nessa corrida, confesso que quando a brincadeira ficou séria, quis entregar os pontos. Cheguei a caminhar uns 15 segundos, mas aí voltei para a sofrência e resisti à tentação de culpar a altimetria da minha cidade e os planetas não alinhados no dia. Fechei em 25′ e cheguei literalmente morrendo. Depois pensei: não fossem esses malditos segundos da sabotagem, teria conseguido um sub-25. Ainda assim, fui 10o lugar na categoria. Nada mal!

10km no plano… de Deus!

O próximo desafio foi em Lévis. E o medo que eu estava de ir buscar os 50′ e quebrar, Brasil? Em Curitiba tinha sido apenas metade da distância à la #guerreirinha. Aqui vai um salve para o grupo de Whatsapp que só fala de corrida do PFC. Um dia antes pedi dicas aos coleguinhas e todas foram muito úteis. A que mais tocou meu coração foi: vai doer, aguente! Simples assim!
Minha treinadora física, Priscila Serapio, também me mandou o audio perfeito enquanto eu esperava no frio da porra antes da largada:
A força que você não treina, é a força que você precisa ter!
E lá fui eu buscar meus 10km da consagração. Tudo seguia conforme o plano, até o km 6, quando o pace passou de 5′ e a primeira coisa que atravessou meio espírito foi: já era! Só que não dei muita moral para esse pensamento. Como na meditação, ele apareceu, eu registrei e deixei passar. Preferi focar nas palavras que me dariam gás para chegar : força, energia, vitalidade, potência. No ultimo quilometro, fui pro tudo ou nada e corri como se não houvesse amanhã: 50’48”.  Sofri, sim, mas tive a impressão que menos que em Curitiba. Progresso? Temos!

Aí dobramos a meta

No segundo semestre, foi a vez de encarar duas meias maratonas. Detalhes importantes aos caros leitores:
  • por distração e inocência de quem vos escreve, apenas duas semanas de intervalo entre as duas
  • resolvi fazer 5km festivos de forma recorrente como aquece no sábado, questão de voltar com mais medalhas
  • altimetrias desafiadoras : falso plano em Montreal e pirambeira em Québec
Todo ano é a mesma coisa. Essas provas alvos sempre acontecem nos piores momentos da vida da gestora que não quer guerra com ninguém. Os projetos pegam fogo, substituo quase todos os gestores durante as férias de verão, algumas pessoas da equipe não performam e dá-lhe compensar. Resultado: stress aumenta, sono diminui, nem lembro que hidratar é preciso, como mal… caos na terra aos homens e mulheres a flor da pele, apesar da boa vontade. Resultado: a planilha volta a ficar vermelha. Nem na força do ódio eu consigo ser feliz.

Pernas, coração e cabeça alinhados

Duas semanas antes de Montreal fiz um total de 0 treinos!!! Mas peguei o trem e fui com a certeza de que terminar, eu terminaria. Como e em quanto tempo, aí já não saberia dizer. Pelo menos estava começando minha semana de férias assim: correndo. Resultado:
  • 5 km em 26′
  • 21 km em 2h03′

Deu vontade de parar quando ficou difícil? Opa! Claro que deu! Só que mais uma vez tomei uma decisão: diminuir o ritmo, mas não caminhar. Não porque ache que caminhar diminui o valor do resultado. É que caminhar, para mim, seria o equivalente de desistir sem dar realmente tudo que poderia naquele momento. Sub-2h não iria acontecer, mas o melhor resultado que poderia conquistar naquele dia dependia de não abandonar.

Duas semanas depois, mesma coisa tudo de novo em Québec, com altimetria mais dura, já que saimos da cidade baixa e subimos ate o ponto mais alto para depois retornar. Antes da prova, a Ana Carol sabotadora apareceu, falando bem assim no meu ouvidinho: nNem vá! Vai ser pior que Montreal. Use o go live do projeto em produção justamente no domingo como desculpa!

E mandei essa pérola para a minha diretora, que na mesma hora recusou completamente a minha oferta. Um outro gerente de projetos levantou a mão para me substituir e a razão que ele me deu trouxe aquele quentinho no coração:

– Ana, eu sei como as suas corridas são importantes para você!

Fui, corri e venci!!! Apesar das expectativas mais reduzidas, para não dizer quase inexistentes, o resultado não decepcionou:

  • 5 km em 25′, sem sofrer
  • 21 km em 2h00, melhor do que esperava

Algumas lições preciosas

  1. Desistir antes de tentar é pior do que de fato quebrar numa prova.
  2. Treinos  constantes nos dão segurança e mais previsibilidade.
  3. Entrar no jogo sem garantias de resultado é o verdadeiro ato de coragem.
  4. Quando fica difícil, a “prova” começa de verdade.
  5. Correr no momento presente é meditar em movimento. Vigie seus pensamentos. Você se torna o corredor ou corredora que pensa ser naquele instante.
  6. Entre abandonar e persistir, privilegie o segundo e acolha o seu melhor naquele dia.
  7. Vencer é chegar!

Prometo ser mais assídua em 2025. Aproveito para deixar aqui meus muito obrigada aos meus poucos mas fiéis leitores que me acompanham e deixam comentários. Ainda que muitas coisas aconteçam sempre do mesmo jeito, a gente nunca continua igual e isso é maravilhoso!

Feliz ano novo, PFC!!!!

 

2 thoughts on “Retrospectiva 2024 para um 2025 corrido mais feliz!

  1. Essa é a minha Ana Carolina que tenho tanto orgulho. “Bicho do Paraná”.

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