Coluna do Enio – Na sensação de esforço
Quando comecei a seguir a planilha de treinamento do Adriano Bastos, uma das coisas que mais mudou foi o ritmo. Antes de ele me enviar os ritmos, fazia a rodagem confortável entre 6:00 e 6:05 min/km. Aí veio a planilha dizendo que essa rodagem deveria ser feita entre 5:30 e 5:40 min/km. No começo foi difícil. A minha zona de conforto estava muito acostumada a correr em 6 min/km. Para não perder o controle e correr mais devagar por preguiça, coloquei para aparecer na tela do Garmin o ritmo médio de cada volta.
O padrão tem sido rodagem confortável entre cinquenta minutos e uma hora nas segundas e quartas. Geralmente, utilizo o primeiro e o segundo quilômetros como aquecimento, para a partir daí tentar encaixar o ritmo. No começo, era inevitável olhar para o relógio constantemente para ficar no ritmo. Muitas vezes estava em 5:45, 5:40. A sensação de esforço não estava bem calibrada. Nos últimos dias resolvi mudar e testar correr sem ficar olhando a todo instante para o relógio.
Adotei o método de só olhar para o relógio quando ele apita, nas parciais das voltas, a cada quilômetro. Assim, corro um quilômetro sem nenhuma referência além do próprio esforço. O resultado foi melhor do que o esperado. Talvez a mania de ficar olhando para o relógio tenha me deixado dependente dele (PARECE ÓBVIO, NÉ?). O primeiro teste não poderia ter sido melhor. Depois dos dois quilômetros aquecendo, fiz 8 km com ritmo variando entre 5:35 e 5:37. Apenas um que se perdeu e saiu em 5:27. Cada apito do relógio era uma surpresa boa. Parecia que estava muito lento e no fim dava 5:35, 5:36, 5:35. Nem acreditava.
Correr na sensação de esforço parecia funcionar. O teste seguinte foi no treino longo de sábado. Eram 18 km para rodar entre 5:05 e 5:20. Utilizei até o 3º km como aquecimento, fazendo um ritmo progressivo. Dali em diante, foram 15 km sem me preocupar com o relógio, mas tentando ficar no ritmo. As 14 parciais, do km 4 ao 17, saíram entre 5:09 e 5:23. Estava dando certo! No 18º km resolvi acelerar só para ver o que acontecia e saiu um 4:54. Não ser tão escravo do GPS tem suas vantagens. Pude perceber na prática o que diz a teoria.
Depois desses dois testes, resolvi fazer todas as rodagens na sensação de esforço. A cada parcial, uma olhada rápida no ritmo da volta e foco na sensação de esforço. A última rodagem foi de 50 minutos e não saiu tão redonda. De 5:42 pulei para 5:28, depois para 5:51, voltei para 5:39 e fiz outra parcial em 5:25. Alguns ajustes ainda precisam ser feitos, mas está bem melhor do que antes. O próximo passo é fazer essas rodagens sem olhar para o relógio em momento nenhum, só no fim do treino. Ainda tem um caminho razoável até a Golden Four ASICS São Paulo, dia 2 de agosto. Dá tempo!